O têxtil e hierarquias na história da arte
uma pitada do nosso curso (últimos dias de inscrição)
Trago aqui apenas um recorte dentro desse assunto tão importante no debate sobre a questão têxtil a partir da perspectiva feminista da história da arte. A questão das hierarquias envolve refletirmos sobre como essas categorizações foram criadas para diminuir e desqualificar determinadas produções. Independente do que possa ser chamado, arte ou artesanato, por exemplo, todas as produções são relevantes.
A atribuição da prática da costura, do bordado e outras produções têxteis às mulheres está inscrita nas instituições sociais. Associando estes processos apenas ao espaço doméstico e, portanto, aos estereótipos de feminilidade, que acabou contribuindo para a construção de uma imagem homogênea da produção de mulheres e ignorando sua diversidade.
Durante muito tempo as práticas têxteis foram colocadas abaixo das belas artes dentro da hierarquia das linguagens artísticas e que tem relação direta com a hierarquia de gênero.
“Pode não ser surpresa que Le Corbusier já tenha sido citado como tendo dito: ‘Há uma hierarquia nas artes: arte decorativa na parte inferior, e formas humanas no topo. Porque somos homens’."
— Katy Hessel, A história da arte sem homens
Muitas mulheres para serem reconhecidas como "artistas" acabavam ignorando a prática têxtil. Contudo, nos anos 1970, uma das principais frentes defendidas pelas artistas e historiadoras da arte feministas, foi a revitalização destas práticas e, sobretudo, sobre o seu reconhecimento como arte.
"Decidi chamar o bordado de arte porque ele é, sem dúvida alguma, uma prática cultural que envolve iconografia, estilo e função social. (...) quem borda de fato transforma materiais para produzir sentido – significados mais diversos.”
— Rozsika Parker, The Subversive Stitch: Embroidery and the Making of the Feminine
Veremos diversas produções têxteis de mulheres em nosso curso "Recosturando histórias: mulheres e história da arte têxtil" que está com INSCRIÇÕES ABERTAS. Esse debate será nosso fio condutor.
São os últimos dias para se inscrever! CONFIRA NOSSO CRONOGRAMA
Aula 1 // 11 de março: Produção têxtil: arte, passatempo e sobrevivência
A partir de uma perspectiva feminista da história da arte pensaremos nas origens, funções e desenvolvimento da produção têxtil até seu entendimento como arte.
Aula 2 // 18 de março: Arte têxtil como expressão da feminilidade?
Sobre a relação entre domesticidade, arte decorativa e hierarquia de gênero na história da arte.
Aula 3 // 25 de março: Ancestralidade têxtil e as gerações de histórias
Abordaremos produções de anônimas, artistas e associações que costuraram suas e outras histórias a partir de movimentos de vanguarda.
Aula 4 // 1º de abril: Texto-têxtil: resistência e resiliência
Nesta aula veremos artistas e coletivos em que a arte têxtil é considerada uma produção ativista.
Imagem: Retrato da artista Billie Zangewa por Jurie Potgieter para The New York Times (“Billie Zangewa Makes Art Where the Light is Best”)